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sábado, 17 de março de 2012

Versos incomuns

Falava eu sobre trovas incomuns, criativas e até mesmo premeditadamente absurdas. Visitando o blog www.poesiaretro.blogspot.com, do amigo Rommel Werneck,
esbarrei-me com um soneto barroco que me chamou a atenção por enquadrar-se nessa categoria, versão soneto.
A autora obedeceu todas as regras exigidas para um bom soneto, menos uma, e é justamente nesse pecado que reside a grande virtude do soneto em pauta! 
 Ela usou o mesmo par de rimas de cabo a rabo! Ei-lo:

Ao Amado Ausente

Se apartada do corpo a doce vida,
domina em seu lugar a dura morte,
de que nasce tardar-me tanto a morte,
se ausente d’alma estou, que me dá vida?

Não quero sem Silvano já ter vida,
pois tudo sem Silvano é viva morte;
Já que se foi Silvano venha a morte,
perca-se por Silvano a minha vida.

Ah, suspirando ausente, se esta morte
não te obriga a querer vir dar-me vida,
como não ma vem dar-me a mesma morte?

Mas se n’alma consiste a própria vida,
bem sei que se me tarda tanto a morte,
que é porque sinta a morte de tal vida.

                                    Violante Montesino (1602-1693)

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