Falava eu sobre trovas incomuns, criativas e até mesmo premeditadamente absurdas. Visitando o blog www.poesiaretro.blogspot.com, do amigo Rommel Werneck,
esbarrei-me com um soneto barroco que me chamou a atenção por enquadrar-se nessa categoria, versão soneto.
esbarrei-me com um soneto barroco que me chamou a atenção por enquadrar-se nessa categoria, versão soneto.
A autora obedeceu todas as regras exigidas para um bom soneto, menos uma, e é justamente nesse pecado que reside a grande virtude do soneto em pauta!
Ela usou o mesmo par de rimas de cabo a rabo! Ei-lo:
Ao Amado Ausente
Se apartada do corpo a doce vida,
domina em seu lugar a dura morte,
de que nasce tardar-me tanto a morte,
se ausente d’alma estou, que me dá vida?
domina em seu lugar a dura morte,
de que nasce tardar-me tanto a morte,
se ausente d’alma estou, que me dá vida?
Não quero sem Silvano já ter vida,
pois tudo sem Silvano é viva morte;
Já que se foi Silvano venha a morte,
perca-se por Silvano a minha vida.
Ah, suspirando ausente, se esta morte
não te obriga a querer vir dar-me vida,
como não ma vem dar-me a mesma morte?
Mas se n’alma consiste a própria vida,
bem sei que se me tarda tanto a morte,
que é porque sinta a morte de tal vida.
bem sei que se me tarda tanto a morte,
que é porque sinta a morte de tal vida.
Violante Montesino (1602-1693)
Se desejar informações sobre a autora, acesse: http://www.antoniomiranda.com.br/Iberoamerica/portugal/soror_violante_do_ceu.html
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